“Aquele que vos chamou…” (A. Katherine Grieb)
Vocação e liderança na literatura paulina
A. Katherine Grieb (Ph.D., Yale University) é Professora Associada de Novo Testamento no Virgia Theological Seminary e uma Sacerdote Episcopal. Dr. Grieb é autora de muitos artigos e capítulos em livros relacionados ao Novo Testamento, interpretação teológica das Escrituras e pregação. Ela publicou The Story of Romans.
A obra salvífica de Deus através da morte e ressurreição de Jesus Cristo é a graça disruptiva que chamou Paulo, seus colaboradores, e suas igrejas para uma inesperada nova liberdade e serviço. Todos eles devem aprender como andar o caminho da cruz e viver a novidade da ressurreição. O grande perigo da igreja é que, esperando muito pouco de Deus, se contente com menos do que o evangelho.
“Estou muito admirado” escreveu Paulo aos gálatas “que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que vos chamou…”¹ Embora a linguagem de Paulo tenha sido elaborada para causar o maior choque retórico possível em um tempo de crise, sua admiração era presumivelmente genuína. Para Paulo, Deus é aquele que chamou a igreja em liberdade soberana e concede o dom da liberdade à igreja através de líderes servos assim como Paulo. Portanto, é impossível superestimar a importância da vocação ou chamado na teologia paulina.
Neste breve artigo, primeiro argumentarei que o próprio ministério de Paulo é o resultado direto da reivindicação de Deus sobre sua vida “através de uma revelação [di’ apokalupseös] de Jesus Cristo” (Gl 1:12). Em seguida, demonstrarei, especialmente a partir de Filipenses e Romanos, como os elogios de Paulo aos seus colaboradores frequentemente os descrevem nos termos de sua vocação e disposição de colocar suas vidas em risco por ela. Por fim, demonstrarei que muito da estratégia de liderança paulina envolve relembrar suas igrejas de sua vocação a partir de Deus, que os chama à santificação enquanto aguardam o retorno de Jesus e os encoraja a imitar o mesmo padrão de Cristo em suas vidas juntamente com o que veem em seus líderes. As questões sobre vocação são centrais para a visão paulina de liderança na igreja.
RECONCILIADO COMO UM INIMIGO: O CHAMADO E A CONVERSÃO DE PAULO O PERSEGUIDOR
Na carta onde Paulo descreve a si mesmo com um “Apóstolo aos gentios” (Rm 11:13), ele também dá testemunho da misericórdia de Deus para com os ímpios (pecadores) em Jesus Cristo. Embora o assunto primário aqui seja o evento cósmico da morte salvífica de Jesus Cristo na cruz, suas palavras podem também incluir referências enigmáticas de sua própria experiência anterior com o Senhor ressuscitado, isto é, a misericórdia particular de Deus demostrada a ele como um perseguidor das igrejas na Judeia.
Pois enquanto ainda éramos fracos, no tempo certo Cristo morreu pelos ímpios…. Mas Deus prova seu amor por nós, pois enquanto ainda éramos pecadores Cristo morreu por nós…. Pois enquanto éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus através da morte do seu Filho, com muito mais certeza, tendo sido reconciliados, nós seremos salvos por sua vida (Rm 5:6–10).
Paulo conhece em primeira mão a graça disruptiva de Deus revelada e administrada através do Senhor crucificado e ressurreto, Jesus Cristo: Isto mudou sua vida ao ponto onde ele pode dizer que ele mesmo foi crucificado e deslocado (ressuscitado) do mundo que ele conhecia antes.
Eu fui crucificado com Cristo; e não mais eu vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que eu agora vivo na carne eu vivo pela fidelidade do filho de Deus,² que me amou e deu a si mesmo por mim. (Gl 2:19–20)
Que eu nunca possa me gabar de nada exceto a cruz do nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo foi crucificado pra mim, e eu para o mundo (Gl 6:14)
Muitos de nós, quando pensamos sobre o chamado e conversão de Paulo, teremos em mente a versão tríplice de Lucas da história.³ É Lucas quem nos “fornece os relatos sobre a” luz avassaladora, o fariseu cego, que tão cego então começa a ver, e a mudança do nome de Saulo para Paulo. Lucas é um contador de história tão magistral que seu relato é dramático e poderoso o suficiente, mesmo sem se importar com o cavalo na famosa pintura de Caravaggio! Frequentemente nos surpreendemos em ver quão pouca informação Paulo realmente fornece em suas cartas a respeito do seu chamado/conversão e o impacto disso em seu entendimento de liderança da igreja.⁴ No entanto, apesar das poucas palavras de Paulo nós podemos deduzir importantes implicações para o nosso estudo sobre vocação e liderança.
Paulo refere-se brevemente ao seu encontro com o Senhor ressurreto em 1 Cor 9:1 (“Não sou eu livre? Não sou eu um apóstolo? Não vi eu o Senhor?”) e dentro de poucos versículos complica sua “liberdade” ao expressar seu senso de obrigação como resultado desse mesmo encontro:
Se eu proclamo o evangelho, isso não me dá motivos do que me gabar, pois uma obrigação é imposta a mim, e ai de mim se eu não proclamar o evangelho! Pois se eu fizer isso de minha própria vontade, eu tenho uma recompensa; Mas se eu não faço pela minha própria vontade, eu estou encarregado de uma comissão⁵ (1Co 9:16–17).
E escrevendo para as igrejas domésticas em Roma:
Eu sou um devedor (sob obrigação) tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a tolos — daí a minha ansiedade de proclamar o evangelho também a vocês que estão em Roma (Rm 1:14–15).
Mas Paulo fala mais claramente sobre sua nova liberdade e serviço em duas passagens de Gálatas e Filipenses:
Pois eu quero que vocês saibam, irmãos e irmãs, que o evangelho que foi proclamado por mim não tem origem humana; pois eu não o recebi de uma fonte humana, nem me foi ensinado, mas eu o recebi através de uma revelação de Jesus Cristo. Vocês ouviram falar, sem dúvidas, sobre minha antiga vida no judaísmo. Eu era um perseguidor violento da igreja de Deus e estava tentando destruí-la. Eu progredi no judaísmo além de muitos entre o meu povo e da mesma idade, pois eu era mais zeloso das tradições dos meus ancestrais. Mas quando Deus, que me separou antes de eu nascer e me chamou por sua graça, teve prazer de revelar o seu Filho a mim (ou em mim), para que eu possa proclamá-lo aos gentios… (Gl 1:11–16)
Se alguém mais tem razões para confiar na carne, eu tenho mais: circuncidado ao oitavo dia, um membro do povo de Israel, da tribo de Benjamim, um Hebreu nascido de Hebreus; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo um perseguidor da igreja; quanto à justiça debaixo da lei, irrepreensível. Mesmo assim, quaisquer que sejam os ganhos que tive, passei a considerá-los como perda por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda por causa do valor insuperável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, sofri a perda de todas as coisas…. Eu quero conhecer a Cristo e o poder de sua ressurreição e compartilhar seus sofrimentos tornando-me como ele em sua morte, se de alguma forma eu puder alcançar a ressurreição dos mortos (Fp 3:4–11).
Desde o trabalho inovador de Krister Stendahl de mais de quarenta anos atrás,⁶ aprendemos a não ler os relatos de Paulo do seu chamado/conversão através das lentes agostinianas de Lutero, mas sim a procurar compreendê-los nos termos do seu próprio contexto histórico judaico do primeiro século. Então Paulo não é mais lido como o fariseu estereotipado do Cristianismo irrefletido, obcecado por “obras de justiça”, que se converte ao Cristianismo e começa a pregar “justificação pela fé”.⁷ Justamente envergonhados por tal relato, alguns estudiosos reagiram negando que Paulo tivesse se convertido, preferindo falar apenas de seu chamado e comissionamento como apóstolo.
No entanto, é importante ver que Paulo foi de fato convertido. Mas ele não se converteu do judaísmo ou do “farisaísmo” ou mesmo daquele zelo de que tanto se orgulhava, mas de uma expressão particular desse zelo, a saber, a violência e a perseguição violenta daqueles que ele via como inimigos de Deus. Então, a “vida anterior de Paulo no judaísmo” deve ser contrastada com sua vida presente em um novo tipo de judaísmo, onde ele luta contra seus oponentes com argumentos bem elaborados ao invés da espada.
Como Jesus antes dele, Paulo se localizou dentro da tradição profética de Israel, que consistentemente chamava Israel de volta à tarefa de ser “o Israel de Deus” no meio das nações (gentios) que o cercavam. Pelo menos uma vertente da tradição profética de Israel endossa o uso da violência para forçar a separação de Israel dos deuses das nações. Dt 13:1–5 determina a morte de falsos profetas que desencaminham Israel. Moisés mata três mil israelitas após o incidente do Bezerro de Ouro (Êxodo 32:28) e Elias mata quatrocentos e cinquenta dos profetas de Baal no Monte Carmelo (1Rs 18). Da mesma forma, Finéias é lembrado por seu zelo por Deus quando os moabitas introduziram Baal-Peor, zelo expresso por atravessar com sua lança um homem israelita e uma mulher moabita que aparentemente mantinham relações sexuais na tenda sagrada (Nm 25:1-15).
Profetas extremamente zelosos como Moisés, Elias e Finéias podem ter sido modelos para Paulo antes de sua conversão. Na passagem de Filipenses que acabamos de citar, Paulo se descreve como alguém totalmente confiante em sua capacidade de perceber e cumprir a vontade de Deus. O zelo intemperante de Paulo o levou a ser um terrorista religioso. Não é difícil imaginar o perseguidor Paulo voando em um avião contra o Pentágono ou cometendo crimes de ódio contra gays e lésbicas por amor à santidade de Deus. Mas depois da ação de Deus que irrompeu em sua vida (a “revelação de Jesus Cristo”), Paulo parece ter experimentado o tipo de confusão e desorientação capturada tão bem no relato da narrativa de Lucas. Tudo sobre o que ele tinha tanta certeza, agora tinha que ser reconfigurado à luz do Messias crucificado e ressuscitado, que havia virado seu mundo do avesso e dado a ele como sua nova comunidade exatamente o grupo que ele estava tentando destruir em nome de Deus. Ele descreve o espanto das igrejas da Judéia de que “aquele que antes nos perseguia, agora proclama a fé que antes tentou destruir” (Gl 1:23).
A própria vocação ou chamado de Paulo para ser um “apóstolo dos gentios” o apresentou a uma maneira mais profunda e desafiadora de ser Israel entre as nações. Dessa forma, renunciou à violência e trabalhou para construir comunidades intencionais que seguiram o padrão do Senhor crucificado e ressuscitado que comissionou Paulo a pregar o evangelho aos gentios. Paulo ainda está muito dentro da tradição profética — mas agora ele está seguindo o modelo dos profetas Isaías e Jeremias, cujas experiências ele ecoa em sua própria história.⁸ São as palavras de Paulo (não sua violência) que serão a arma de Deus. Como Jeremias, Paulo pode esperar sofrer adversidades, rejeição, prisão e a ameaça de morte por sua oposição às forças corruptoras de Israel do Império Romano e dos costumes gentios imorais, por um lado, e à violenta resistência profética a tal corrupção, agora dirigida contra o próprio Paulo, por outro.
O CHAMADO PARA CIMA E A MOBILIDADE PARA BAIXO: A VOCAÇÃO DOS LÍDERES DA IGREJA
Quando Paulo reflete sobre seu chamado e conversão na carta aos Filipenses, ele deixa claro aos seus ouvintes que ainda não alcançou o objetivo de conhecer “Cristo e o poder de sua ressurreição e compartilhar seus sofrimentos tornando-se como ele em sua morte”⁹ (Fp 3:10). Ele usa o imaginário atlético de correr uma corrida, olhos no prêmio, focados unicamente no alvo à frente: “uma coisa que eu faço: esquecendo o que está para trás e me esforçando para o que está à frente, prossigo em direção ao alvo para o prêmio da chamada para cima¹⁰ de Deus em Cristo Jesus” (Fl 3: 13–14).
Esta “chamada para cima” é realizada seguindo um padrão de vida que reflete a carreira de Jesus, o Messias (Cristo)
que, embora estivesse na forma de Deus,
não considerava a igualdade com Deus como algo a ser explorado,
mas se esvaziou, tomando a forma de um escravo,
nascendo em semelhança humana.
E sendo encontrado na forma humana,
ele se humilhou e tornou-se obediente até a morte
até a morte na cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre, no céu e na terra e sob a terra, e toda língua deve confessar que Jesus Cristo é Senhor para a Glória de Deus o Pai (Fp 2:6–11).
Paulo descreve a humilhação de Deus em si mesmo e seus cooperadores como evidência de que eles são parte do padrão de Cristo que ele está recomendando às suas igrejas para a ordenação de suas vidas em conjunto. Essa ênfase na “mobilidade para baixo” dos líderes da igreja é particularmente necessária em Corinto, onde as comunidades cristãs se convenceram de que o sucesso na liderança da igreja significa um pacote de alto salário, credenciais impressionantes e milagres dramáticos. Paulo insiste, em vez disso, que as marcas de um verdadeiro apóstolo (alguém que foi comissionado pelo Senhor crucificado e ressurreto) são evidências de sofrimento pelo evangelho e o poder do amor duradouro em face da rejeição e incompreensão.
David Fredrickson mostrou como duas das imagens de liderança de Paulo se opõem àquelas comumente associadas à tradição filosófica do cinismo.¹¹ Paulo frequentemente alude a temas cínicos em suas cartas, uma vez que eles figuravam de maneira proeminente nas atitudes populares sobre liderança. Onde o líder cínico oferece um laço, Paulo enfatiza o dom da liberdade de Deus; e onde o líder cínico se proclama mestre da comunidade, Paulo descreve a si mesmo e a seus cooperadores como escravos, para que a comunidade seja livre.
Em 1Co 7:35, Paulo diz que não tem interesse em “jogar um laço” (NRSV “restrição”) em seus leitores que estão lutando com suas paixões eróticas, autocontrole e participação na igreja. Deste modo, Paulo se contrapõe a filósofos cínicos como Diógenes de Sínope e Crates de Tebas, que eram famosos por sua severidade ao lidar com as paixões. Diógenes ofereceu apenas duas opções: “ou aprendam o autocontrole ou se enforquem-se”. Crates comentou: “A fome acaba com o amor, ou se não a fome, o tempo. Mas se nenhum desses apaga o fogo, a única cura que resta para você é o laço.” Ao desassociar-se da imagem popular do laço, Paulo recomenda não a cura por meio do afastamento da comunidade para uma morte vergonhosa, mas sim a responsabilidade comunitária: o desejo de ser bem visto pelos outros controla o desejo erótico e leva a uma maior confiança para se engajar totalmente na vida pública. Como Fredrickson diz: “Ao desatar o laço, Paulo sugere uma compreensão da liderança como a comunicação da liberdade por meio da participação.”¹² De fato, diz Paulo, a liberdade é a marca da comunidade cristã que confessa que “Jesus é o Senhor” pois “o Senhor é o Espírito, e onde o Espírito do Senhor está, há liberdade” (2Co 3:17).
Em 2Co 4:5, Paulo novamente se distancia da visão popular de liderança promovida pelos cínicos quando diz: “Pois não proclamamos a nós mesmos; proclamamos Jesus Cristo como Senhor e a nós mesmos como seus escravos por amor de Jesus”. Os líderes cínicos se autoproclamam e de fato se autoproclamam senhores (kyrioi) ou mestres que dominam suas congregações e os tratam como escravos. Em contraste, Paulo proclama o senhorio de Jesus Cristo e proclama a si mesmo e seus cooperadores como escravos da comunidade. Embora os leitores contemporâneos possam ter a tendência de interpretar esta imagem como um exemplo de humildade cristã ou autoanulação, Fredrickson observa corretamente que “a mera humildade nunca poderia suportar o peso teológico que Paulo afirma que sua escravidão carrega quando ele a classifica como a pregação de Jesus como Senhor.”¹³ Para compreender a força da imagem de Paulo, devemos recordar como funcionava a instituição da escravidão no mundo antigo. O trabalho do corpo do escravo proporcionava lazer (o significado original da palavra eleutheria geralmente traduzido como “liberdade”) para o proprietário. Paulo está argumentando que o serviço do líder funciona para criar liberdade para a comunidade como um todo. Como Fredrickson comenta: “Podemos começar a apreciar a profunda correspondência entre o senhorio de Jesus e a liderança de Paulo: ambos criam liberdade na igreja”.¹⁴
Em 2Co 4:10–12, Paulo substitui as imagens ousadas de líderes escravizados e da comunidade livre no Senhor por imagens igualmente ousadas de líderes moribundos pelo bem da vida da comunidade em conjunto:
… levando sempre no corpo a morte de Jesus, para que a vida de Jesus também se faça visível nos nossos corpos. Pois enquanto vivemos, estamos sempre sendo entregues à morte por causa de Jesus, para que a vida de Jesus se torne visível em nossa carne mortal. Portanto, a morte está agindo em nós, mas a vida em você.
Paulo agradece a Deus que em Cristo o conduziu e aos seus cooperadores como cativos em uma procissão triunfal, isto é, como prisioneiros destinados a morrer na arena (2Co 2:14). Ele usa a mesma imagem em 1Co 4:9 (“Porque penso que Deus nos exibiu como os últimos de todos os apóstolos, como condenados à morte, porque nos tornamos um espetáculo para o mundo, aos anjos e aos mortais.”) para desafiar o estilo de liderança “monarquica” (4:8)¹⁵ aparentemente tão valorizado pelos coríntios. Paulo argumenta paradoxalmente que o poder de Deus se manifesta em suas próprias fraquezas, e não nas visões celestiais que ele poderia reivindicar (2Co 12:1–10) e que suas credenciais “apostólicas” não são evidenciadas por meio de “sinais, maravilhas e obras poderosas” (2Co 12:12), que ele poderia reivindicar se quisesse, mas através das dificuldades que suportou por causa do evangelho (2Co 11:23–33).¹⁶
Paulo descreve o estilo alternativo de liderança que ele está recomendando e incorporando ao exaltar os ministérios de seus cooperadores como exemplos do padrão de Cristo de mobilidade descendente. É importante ver que Paulo, ele próprio comissionado (sujeito à obrigação) por Jesus Cristo, se vê como um apóstolo entre os outros apóstolos. Parte de seu ministério é reconhecer e nomear o trabalho de outros assim comissionados, para demonstrar como seu serviço está em conformidade com o padrão de humilhação e obediência de Cristo e para a exaltação de Jesus Cristo como Senhor para a glória de Deus o Pai.
Portanto, Paulo elogia Timóteo e Epafrodito como exemplos para a igreja em Filipos. De Timóteo ele diz:
Não tenho ninguém como ele que se preocupe genuinamente com o seu bem-estar. Todos eles buscam seus próprios interesses, não os de Jesus Cristo. Mas vocês sabem que Timóteo é digno, pois como um filho com seu pai serviu comigo na obra do evangelho (Fp 2:20–22).
E de Epafrodito “meu irmão, cooperador, companheiro soldado,” Paulo explica que ele quase morreu como resultado de seu trabalho em nome deles e os exorta:
Acolhei-o então no Senhor com toda a alegria, e honrai essas pessoas, porque ele esteve perto da morte pela obra de Cristo, arriscando a sua vida para compensar aqueles serviços que vocês não poderiam me dar (Fp 2:29–30).
Da mesma forma, em Rm 16:3–4, Paulo exorta as igrejas “Saudai a Prisca e a Áquila, que trabalham comigo em Cristo Jesus e que arriscaram o pescoço pela minha vida, a quem não só dou graças, mas também todas as igrejas dos gentios. “ Em cada caso, os cooperadores de Paulo são apresentados como exemplos do modelo de Cristo de obediência fiel a Deus, até a morte se necessário, pela vida e liberdade da comunidade a que servem.
Paulo foi criticado por sugerir que as ações dos líderes cristãos refletem a história de Jesus Cristo e por sua exortação às igrejas a seguirem seu exemplo. Ao mesmo tempo, sua retórica provocativa foi analisada e criticada longamente sobre a questão de sua autenticidade.¹⁷
Mas se a combinação de Paulo das histórias de cooperadores com a história de Jesus ofende ou se suas imagens sobre escravidão liberdade ou vida/morte provocam igrejas “convencionais” no século 21, pode ser porque ainda não foram suficientemente instruídas pelas igrejas ativistas no movimento pelos direitos civis. Esses líderes frequentemente arriscaram suas vidas (entrando em território hostil para organizar o registro de eleitores ou enfrentando cães durante manifestações não violentas) e muitos deles se consideravam caminhando no caminho da cruz em uma imitação deliberada de Jesus Cristo. Como Martin Luther King, Jr. expressou
O cristianismo sempre insistiu que a cruz que carregamos precede a coroa que usamos. Para ser cristão, é preciso tomar sua cruz, com todas as suas dificuldades e conteúdo agonizante e cheio de tensão, e carregá-la até que a própria cruz deixe suas marcas sobre nós e nos redima para aquele caminho mais excelente que só vem através do sofrimento.¹⁸
A maneira de Paulo conectar vocação e liderança fazia sentido para King e seus seguidores, pois eles também lutavam para proclamar não a si mesmos, mas a Jesus Cristo como Senhor e para levar em seus corpos a morte de Cristo que provaria ser tanto vivificante quanto libertadora para suas comunidades.
O CHAMADO À CONVERSÃO: VOCAÇÃO CRISTÃ COMO CONVOCAÇÃO DE DEUS À SANTIFICAÇÃO
No momento do seu próprio chamado, conversão e comissionamento como apóstolo aos gentios, o mundo de Paulo foi invadido e destruído (crucificado, Gl 6:14) pela ação graciosa de Deus em Cristo. Esse acontecimento tornou-se o foco de sua vida e o assunto de sua pregação, “pois decidi nada saber entre vocês, exceto Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2:2). Paulo falou da “nova criação” de Deus em que nem a circuncisão nem a incircuncisão importavam: o que contava era a fidelidade operando através do amor (Gl 5:6; 6:15). A nova criação de Deus relativizou a antiga era que estava terminando; questionou todas as interpretações tradicionais das escrituras; tudo teve que ser repensado à luz do Senhor crucificado e ressuscitado a quem Paulo perseguiu, mas a quem Deus havia vindicado. O próprio Paulo se tornou um “desestabilizador” da tradição que ele trabalhou tão zelosamente para defender.¹⁹ Agora ele vê sua tarefa como construir grupos de células de santidade não violentos, comprometidos com um modo de vida em tensão com o seu ambiente, chamados à santificação pelo poder do Espírito Santo de Deus, e conforme o caminho do Senhor crucificado e ressurreto.
Ler as cartas de Paulo às suas igrejas nos fornece uma ideia mais clara de como ele pensa uma comunidade chamada para andar no caminho da cruz e a viver como a ressurreição se parece. Para Paulo, nada menos do que uma ressocialização completa e intensa acontece como parte do batismo em Cristo. O batismo é sepultamento na morte de Cristo e a nova vida subsequente ao batismo é a “nova criação” — o poder de Deus de evocar a vida da morte e ordem da violência caótica.
Especificamente, Paulo diz à igreja em Tessalônica, que ser chamado por Deus significa ser chamado da idolatria das nações (gentios) para servir ao Deus vivo de Israel, para aguardar a volta de Jesus Cristo e imitá-lo nesse ínterim (1Ts 1:2–10). A vocação implica tanto a conversão quanto a adoção em uma nova comunidade responsável por outros. Paulo descreve a igreja em termos de “parentesco fictício”, como irmãos e irmãs em Cristo, uma família que se alegra em meio ao sofrimento e adversidades, e vive “em santidade e honra, não com luxúria como os gentios que não conhecem a Deus” (1Ts 4:5).
Viver o padrão de Cristo tem implicações para a vida em comunidade. Como a igreja participa da morte de Cristo e antecipa uma ressurreição como a dele, eles não devem perder seu tempo exaltando líderes rivais, estabelecendo facções competitivas ou favorecendo os dons do Espírito que edificam o indivíduo às custas da comunidade. Em vez disso, seguindo o Senhor crucificado, eles devem renunciar a tais comportamentos que destroem a igreja e se concentrar nas necessidades de seus membros menos poderosos, nos dons do Espírito que provavelmente serão ignorados (porque são menos glamurosos), e às práticas que fortalecem a comunidade a longo prazo — como dizer a verdade, generosidade, perdão e constância na oração. Por serem embaixadores da nova criação de Deus, eles também são ministros da reconciliação, proclamando a alegre e “não obstante” surpreendente misericórdia de Deus para com aqueles que não têm qualquer direito acerca de Deus.
Além disso, por serem o povo da ressurreição, as igrejas de Paulo são chamadas a esperar o inesperado e a se preparar para qualquer coisa nova e surpreendente que Deus fará a seguir. Paulo entendeu que a teologia e a ética cristãs são inerentemente “reativas”, uma vez que a igreja nunca pode antecipar Deus, mas pode apenas tentar alcançar o Deus que vai antes de nós. A ressurreição dos mortos, da qual Jesus Cristo é as primícias, significa, entre outras coisas, que todas as apostas baseadas no status quo ou na forma como as coisas sempre foram feitas no passado estão canceladas. Nova criação significa que as velhas estruturas devem ser reformadas para refletir a vida de ressurreição em Cristo.
É neste ponto que os cristãos que refletem sobre vocação e liderança na igreja hoje fariam bem em considerar uma advertência solene feita por J. Louis Martyn trinta anos atrás. Em um artigo intitulado “Foco: Educação Teológica ou Vocação Teológica?” Martyn refletiu de forma autocrítica sobre um período específico da história do Union Theological Seminary na cidade de Nova York.²⁰ Seu julgamento, cinco anos depois dos eventos que relatou, foi que “o ano de 1968 poderia ter sido um momento da verdade para o Union Seminary.” Este ensaio descreve o que Martyn considerou uma oportunidade perdida, um ponto em que o seu próprio seminário teológico falhou em responder à sua vocação. Martyn, o Professor “Edward Robinson” do Novo Testamento no Union Seminary na época, teve a rara coragem de refletir publicamente no próprio jornal do seminário sobre o significado teológico da resposta do Union Seminary aos eventos de 1968. Devido ao fato de sua autocrítica ser estruturada na linguagem das epístolas paulinas, ela é notavelmente relevante aqui. Cada um de nós seria sábio em fazer a Martyn a pergunta implícita: Como Paulo avaliaria a forma como a vocação e a liderança estão relacionadas na parcela da igreja onde eu sirvo?
Martyn começa com o “truísmo” de que a educação teológica está em condições precárias. Os remédios habituais (revisão curricular, novos programas de graduação, arrecadação de fundos mais criativa) não conseguem curar a doença e, portanto, levantam a questão mais profunda da vocação: “O que significaria para nós afirmar que Deus nos chamou e está nos chamando para ser uma comunidade de teólogos de ensino e aprendizagem?” É essa pergunta que o leva ao autoexame que ele empreende em nome do Union Seminary no que diz respeito à sua resposta aos tumultuosos acontecimentos de 1968. Sua conclusão? “O ano de 1968 poderia ter sido um momento de verdade para nós da Union, mas o que ansiava por nascer até agora foi abortado porque deixamos de aceitar as erupções como sinais destinados a nos chamar de volta à nossa vocação teológica corporativa?”²¹
Depois de descrever a intensidade dos protestos estudantis e as horas aparentemente intermináveis de tempo institucional e energia direcionados a abordar suas preocupações e reformar as estruturas do seminário para incluí-las, Martyn faz uma pausa para refletir sobre o resultado. Os estudantes claramente haviam sido excluídos politicamente, com pouca influência nas políticas educacionais sindicais. Claramente havia uma hierarquia, antes de ser substituída por uma democracia mais representativa ou participativa. Seria um erro tentar voltar ao status quo ante. Mas, Martyn observa ironicamente, uma coisa engraçada aconteceu no caminho para a emancipação corporativa … Tratamos de política e de método educacional — ambos os quais, como nossos alunos corretamente perceberam, estão no mesmo contexto geral. Nós fomos omissos em lidar com o fundamento: vocação teológica?²²
“Daí a revolução superficial … Que irônico que uma “revolução” no seminário introduza como uma nova política que nada mais é do que a ideia da democracia representativa!”²³
Martyn contrasta a reordenação relativamente superficial da Union, de suas estruturas, para incluir grupos privados de direitos de forma mais completa com o senso de vocação teológica de Paulo. “Para Paulo, vocação teológica é o chamado para se engajar na luta escatológica na junção das eras.” Paulo “encontra sua vocação teológica precisamente na centralidade escatológica da cruz de Jesus, que se torna também a cruz de Paulo em sua vocação de apóstolo no fim dos tempos.”²⁴ Comentando sobre 1Co 4:8–13 (citado acima, onde Paulo descreve os apóstolos como aqueles condenados à morte) Martyn diz:
A imagem que Paulo emprega é, em parte, a do circo romano, no qual o último ato (o escatológico) é o de gladiadores que, eventualmente, morrerão uma morte pública e espetacular desfrutada por espectadores (cósmicos). Nessa imagem Paulo dá a entender que os coríntios acham que estão seguros nas arquibancadas, já satisfeitos e ricos. Em contraste, sua vocação o coloca na areia vermelho-sangue onde as duas eras se encontram e colidem na paradoxal cruz doadora de vida. A vocação para a vida que Deus concede não é dada em nenhum outro lugar senão na luta e no sofrimento diário e na alegria vitoriosa neste ponto de inflexão escatológico onde Deus elege o que é tolo perante o mundo para envergonhar os sábios…²⁵
Conforme a nova criação de Deus irrompe, “não se encontra polarização competitiva e sem sentido entre alunos e professores” — ou, podemos acrescentar, entre quaisquer outras facções ou divisões potenciais dentro da comunidade da igreja mais ampla — “mas sim aquele serviço mútuo (diakonia) para o qual Deus nos chama… ”²⁶ A compreensão de Paulo sobre vocação teológica e liderança é verdadeiramente revolucionária — testemunha o poder de Deus que transforma a ordem normal das coisas ao avesso. “Estou surpreso”, diz Paulo, “que vocês tão rapidamente abandonando Aquele que os chamou… e se voltando para um evangelho diferente…” (como se houvesse outro evangelho!). Se abandonarmos esse chamado, também poderemos nos encontrar falando de ocasiões que poderiam ter sido momentos em que a verdade do evangelho poderia ter sido proclamada.
NOTAS
- ^ Gal 1:6. A expressão de admiração de Paulo aparece no ponto da carta onde os gálatas estavam esperando ouvi-lo das graças a Deus por sua comunidade ou ministério.
- ^ Seguindo a tradução alternativa sugerida nas notas da Bíblia Harper Collins NRSV (Richard B. Hays) e estendendo a palavra “fé” para o seu significado mais amplo de “obediência fiel.”
- ^ Ver atos 9:1–19,22:1–21, e 26:2–23. Além da importância do chamado e conversão de Paulo para sua própria teologia de vocação e sua visão de liderança, é claramente crucial também para o entendimento da teologia lucana. Ver Beverly R. Gaventa, From Darkness to Light: Aspects of Conversion in the New Testament (Philadelphia: Fortress, 1986). Para uma avaliação da tradição por trás do relato de Lucas e especulações sobre como ela pode ter sido percebida por Paulo, ver John T. Townsend, “Acts 9:1–29 and Early Church Tradition” in Literary Studies in Luke-Acts (ed. Richard P. Thompson and Thomas E. Phillips. Macon, Ga.: Mercer, 1998) 87–98.
- ^ Para estudos dos efeitos do chamado/conversão de Paulo em vários aspectos de sua teologia e ética, ver Richard N. Longenecker (ed.), The Road From Damascus: The Impact of Paul’s Conversion on His Life, Thought, and Ministry (Grand Rapids: Eerdmans, 1997).
- ^A palavra “apóstolo”, que Paulo usa em 1 Cor 9:1, deriva de apostellō que significa “Eu envio com uma comissão” (sob obrigação). Em 9:17 ele fala de ter recebido uma “economia” (oikonomia, ordem, uma missão). A primeira metáfora é emprestada dos campos diplomático e militar, enquanto a segunda sugere a responsabilidade extra esperada de um fiduciário em questões jurídicas e econômicas.
- ^ Krister Stendahl, “The Apostle Paul and the Introspective Conscience of the West” in Paul Among Jews and Gentiles (Minneapolis: Fortress, 1976) 78–96, publicado pela primeira vez em HTR 56 (1963) 199–215. Disponível em português em: <https://campusteologico.medium.com/o-ap%C3%B3stolo-paulo-e-a-consci%C3%AAncia-introspectiva-do-ocidente-krister-stendahl-4b1bb17b48f0>
- ^ A seção de Fp 3:4–11 que omiti para os propósitos deste artigo, apenas parece contrastar a justiça pelas obras com a fé do próprio crente por causa da tradução que se tornou tradicional. Em vez disso, Paulo está denegrindo qualquer justiça própria que vem da lei, contrastando-a com a fidelidade (obediência fiel até a morte) de Cristo e a justiça de Deus baseada na fidelidade de Cristo.
- ^ Isaias 49:1–6 e Jeremias 1:4–10 são fortemente evocados em Gálatas 1:15–16.
- ^ Comentando nessa passagem, Orígenes argumenta que os cristãos devem estar dispostos a compartilhar os sofrimentos de seu Senhor em toda a extensão. “Os que participam dos sofrimentos, serão também participantes da consolação (cf. 2 Cor 1:7), segundo a medida dos sofrimentos que partilham com Cristo”. Exhortation to Martyrdom 42 (GCS 2,39) citado em J. José Alviar Klesis: The Theology of the Christian Vocation according to Origen (Dublin: Four Courts Press, 1993) 172.
- ^ A tradução da NRSV “chamada celestial” é complementada por uma nota nos lembrando que o grego diz “chamada para cima”.
- ^ David E. Fredrickson, “No Noose is Good News: Leadership as a Theological problem in the Corinthian Correspondence” WW 16:4 (Fall 1996) 420–426. Os parágrafos a seguir seguem seu argumento aqui. Veja também Andrew D. Clarke, Secular and Christian Leadership in Corinth: A Socio-Historical and Exegetical Study of Corinthians 1–6 (Leiden: EJ. Brill, 1993) especially pp. 109–127.
- ^ Fredrickson, 423.
- ^ Fredrickson, 424.
- ^ Fredrickson, 425.
- ^ Ou Cínico? Cf. 2 Cor 11:20, “Pois você tolera quando alguém faz de você escravo, ou ataca você, ou se aproveita de você, ou se sente superior a você, ou lhe dá um tapa na cara. “
- ^ Ver o tratamento de Scott J. Hafemann’s dessas passagens em Suffering and Ministry in the Spirit: Paul’s Defense of His Ministry in II Corinthians 2:14–3:3 (Grand Rapids: Eerdmans, 1990).
- ^ Alguns acusaram a linguagem de Paulo de mascarar seus próprios movimentos políticos e que ele emprega o poder da mesma forma que os cínicos faziam. Veja Bengt Holmberg, Paul and Power: The Structure of Authority in the Primitive Church As Reflected in the Pauline Epistles (Philadelphia: Fortress, 1980); Elizabeth A. Castelli, Imitating Paul: A Discourse of Power (Westminster John Knox, 1991); Cynthia Briggs Kittredge, Community and Authority: The Rhetoric of Obedience in the Pauline Tradition (Trinity Press, 1998). Para uma visão oposta, veja John Schütz, Paul and the Anatomy of Apostolic Authority (Cambridge: University Press, 1975) e Alexandra R. Brown, The Cross and Human Transformation: Pauls Apocalyptic Word in 1 Corinthians (Minneapolis: Fortress, 1995).
- ^ Martin Luther King, Jr., 17 de janeiro de 1963, National Conference on Religion and Race, Chicago, citado em David J. Garrow, Bearing the Cross: Martin Luther King, Ir., and the Southern Christian Leadership Conference (New York: Vintage Books, 1986) 532.
- ^ Este termo vem de Walter Brueggemann, “The Prophet as a Destabilizing Presence,” in The Pastor as Prophet, ed. Earl E. Schelp and Ronald H. Sunderland (New York: Pilgrim Press, 1985).
- ^ J. Louis Martyn, “Focus: Theological Education or Theological Vocation?” USQR 29:3–4 (1974) 215–220.
- ^ Ibid.,215.
- ^ Ibid.,216.
- ^ Ibid.,216–17.
- ^ Ibid.,219.
- ^ Ibid.,220.
- ^ Ibid.,220.
GRIEB, A. Katherine. ““The One Who Called You …”: Vocation and Leadership in the Pauline Literature”. (Publicado no Interpretation: A Journal of Bible and Theology, Vol. 59, Issue 2, 2005, p. 154 -165). Disponível em:
Nosso propósito é apresentar vozes diferentes para o debate cristão. Focamos na unidade e na diversidade, queremos que todos participem da mesa do Senhor, mesmo que vejam várias coisas de formas diferentes. Nem sempre os pontos de vista apresentados refletem as posições dos editores e tradutores!
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Tradução: Cynthia M. Soares
Revisão: Rafael Sales e Matheus Avila